e na Alemanha
Governo não cumpre <br>com os emigrantes
Em encontros realizados com portugueses que vivem e trabalham em Düsseldorf e na região de Paris, Jerónimo de Sousa afirmou que o Estado português se está a desresponsabilizar em relação às comunidades emigrantes, tendo defendido a necessidade de apoio ao ensino do português no estrangeiro.
As opiniões dos emigrantes integram o programa eleitoral do PCP
O Secretário-geral do PCP esteve nos dias 29 e 30 de Maio com os portugueses a viver e a trabalhar na Alemanha e em França, tendo jantado na sexta-feira em Düsseldorf, na Associação Portuguesa Sanjorgense, e passado o dia de sábado nos arredores de Paris.
Em Düsseldorf, depois do almoço num restaurante tipicamente português, Jerónimo Sousa, acompanhado por Rosa Rabiais, do Comité Central do PCP, Fernando Genro e outros membros do Organismo de Direcção Nacional do Partido na Alemanha foram recebidos no Consulado Geral de Portugal pela cônsul, com quem abordaram a situação dos portugueses residentes nesta região.
Ao fim da tarde, numa reunião com dirigentes associativos, o Secretário-geral do PCP debateu as dificuldades com que se deparam as associações, bem como os problemas decorrentes do encerramento de consulados na Alemanha e do corte de verbas para o ensino de Português no estrangeiro.
O jantar na Associação Portuguesa Sanjorgense contou com a presença de cerca de 60 pessoas – entre militantes comunistas e amigos do Partido, portugueses e alemães –, que acolheram com grande entusiasmo e carinho a intervenção de Jerónimo de Sousa. O jantar terminou em festa, com a actuação do Grupo de Cantares da Associação Sanjorgense.
No dia 30 Maio, já em França, Jerónimo de Sousa reuniu-se com representantes do movimento associativo da área de Paris na Associação Franco-Portuguesa de Puteaux, e, após escutar as suas opiniões, concluiu que as associações de emigrantes se «têm vindo a substituir ao Estado português», e assumiu a responsabilidade de que as suas contribuições – que considerou de valor – integrem o programa eleitoral comunista. «Esta palavra de honra aqui dada é uma garantia que quero dar em nome do Partido Comunista Português», disse.
A valorização do movimento associativo e os apoios ao EPE (Ensino do Português no Estrangeiro) e à rede consular – «quase meia França ficou sem consulados» – serão pontos certos no programa eleitoral do PCP.
«A valorização do movimento associativo deve ser traduzida no concreto em apoios que se fundamentem e se justifiquem na sua acção, particularmente em torno da questão central que é o ensino do português», disse, acrescentando que «a Constituição exige que o Estado desenvolva o ensino público de educação gratuito e não com este sentido discriminatório em relação aos filhos dos emigrantes».
Soluções para a emigração
Na abertura do encontro com mais de duas dezenas de associações – culturais, de cariz social, desportivo, recreativo ou ligadas à juventude –, o Secretário-geral do PCP referiu-se à «profunda hipocrisia» do Presidente da República quando, há duas semanas, disse aos jovens que regressassem a Portugal, pois «foi o Governo que lhes disse “vão-se embora”, “vão para o estrangeiro”, “emigrem”»; agora, face à «realidade dramática» de um País «em que existem mais de dois milhões e quinhentos mil pobres ou em risco de pobreza», o que quer oferecer «o Presidente da República a esses jovens que está a convidar a regressar a Portugal?», perguntou.
Jerónimo de Sousa acusou o Governo de se ter «descomprometido perante a comunidade portuguesa» e, referindo-se ao «novo surto de emigração, 400 mil em quatro anos», afirmou que, «mesmo em França, a emigração portuguesa foi superior à marroquina e à argelina, em termos de entrada recente, embora a grande percentagem tenha ido para Inglaterra e para a Suíça». O Secretário-geral terminou dizendo que «os portugueses a viver no estrangeiro não pedem muito, apenas que o Estado português não os discrimine».
Ao almoço, que contou com cerca de cem participantes, Jerónimo de Sousa fez, na sua intervenção política, a análise da situação em Portugal e apontou as soluções capazes de romper com a política de direita e os alicerces para construir uma política alternativa patriótica e de esquerda, que também dê resposta aos problemas dos portugueses que vivem e trabalham fora de Portugal. A iniciativa terminou com uma sessão de fados.
Festa Nacional do PCP na Suíça
No dia 24 de Maio, cerca de 150 pessoas participaram na Festa Nacional do PCP na Suíça, que voltou a ter lugar em Valeyres-sous-Rances.
Domingos Ramalho, do Organismo de Direcção do Partido naquele país, focou, na sua intervenção, os problemas sentidos pelos portugueses residentes na Suíça, nomeadamente as questões do ensino de Português no estrangeiro, a situação salarial dos docentes, o deficiente funcionamento da rede consular, o nível de vida e as condições de trabalho dos trabalhadores consulares.
Por seu lado, Diana Ferreira, deputada do PCP à Assembleia da República, sublinhou a urgente necessidade de romper com a política de direita, enfeudada às decisões e ingerências das potências capitalistas na Europa, e executada em alternância pelo PS, PSD e CDS.